quinta-feira, 20 de maio de 2010
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Milhares de pessoas do mundo todo percorrem cerca de 42 quilômetros, a partir do km 82 da ferrovia Cusco/Quillabamba até Machu Piccho, algumas buscam apenas uma aventura, outras conhecimento ou até mesmo equilíbrio espiritual. Quanto a mim, não fui em busca de nada especifico, deixei mesmo que o Caminho me mostra-se o que ela reservava para mim.
Tudo começou em 30 de dezembro de 2007, quando ao receber a visita de meu primo Régis e sua esposa Linéia, surgiu à idéia de fazer uma trip pelo Peru e pela Bolívia, trip que meu primo já havia feito há 09 anos. Foi 01 ano de planejamento, conversas, telefonemas, e-mails (muitos e-mails), pesquisa de custos, valores e agências de turismo, tudo para que nossa viagem, marcada para ocorrer em dezembro de 2008, transcorre-se sem maiores transtornos.
Na mesma noite, eu e meu companheiro de viagem Wesley Viana, tivemos um breve briefing com nosso guia, Richard Morales (sujeito pequeno e franzino, porem muito hospitaleiro e simpático como todo o povo peruano foi conosco durante a viagem), de como seriam nossos próximos dias na trilha, como seria nossa alimentação, como beber água, que roupas deveríamos usar etc. Toda a infra-estrutura para fazer a caminhada estava incluída no pacote, alimentação, barracas. Detalhe, todo o material é carregado pelos “porteadores” (barracas, botijão de gás, comida, bancos, mesas), cada um deles chega a levar mais de 40 kg de carga nas costas. E eu reclamando da minha mochila que não pesava mais que 3 kg.
Acordamos ás 5 horas da manhã, nosso guia nos pegou no hotel e seguimos de ônibus até o km 82 para o inicio da aventura. Ainda no ônibus conhecemos aqueles que seriam nossos grandes companheiros na trilha, Hazel, Hong, Stella e Henglin. Quatro chineses que estavam morando nos Estados Unidos e que resolveram fazer o caminho Inca durante as férias de inverno. E esta foi uma das principais tônicas durante o todo Caminho, conhecer pessoas do mundo inteiro, conhecer suas culturas, costumes e trocar experiências de vida.
Antes de chegarmos ao km 82, tivemos uma ultima parada, onde compramos água, alguns biscoitos, nossos fieis cajados (muito importantes para amortecer o impacto e aliviar os joelhos durante as descidas e subidas) e claro as folhas de coca, famosas por deixarem os viajantes com “super poderes” para trilhar o caminho.
Começamos em um bom ritmo, porém não demorou muito e comecei a sentir o “soroche” ou o mal da altitude, sem perceber comecei a diminuir o ritmo, outros mochileiros começaram a me ultrapassar e o Wesley teve que diminuir consideravelmente o seu ritmo para me acompanhar. Tomei o chamado “Soroche Pills” quem comprei ainda em Cusco, uma pílula que promete acabar com os efeitos do mal da altitude, para ajudar resolvi também mascar as minhas primeiras folhas de cocas e fiquei esperando que os prometidos “super poderes” me ajudassem, mas nada feito. Junto com o gosto terrível da folha de coca veio à dor de cabeça e um forte desconforto estomacal, a cada 5 minutos tinha que dar uma parada para me recuperar, e nossas amigas chinesas passaram ao passo largo por mim, elas aparentemente sem sentir nada.
O mal estar continuou por todo o percurso, quanto mais à gente subia, mais pesado ficava o corpo, começamos a caminhar em zig-zag, para a subida ficar mais amena, porem não adiantava cada passo era um sacrifício. Faltava oxigênio para o cérebro, as tentativas de aumentar o ritmo foram fracassadas, pois as pernas, sem oxigênio suficiente, também fraquejaram e nisto fomos conhecendo pessoas incríveis pelo caminho, um casal holandês que havia conhecido toda a América do sul, a inglesa que era advogada de músicos (também não entendi isso até hoje), o trio paulista (estes estão em todos os lugares) e um grupo de 4 argentinos que tiveram que escutar o tempo todo do caminho que o Maradona era pior que o Pelé e sem falar no menino colombiano de apenas 13 anos que estava fazendo a trilha com seu pai.
Amanheceu, terceiro dia e com ele veio à chuva, nossos carregadores estavam preocupados comigo, mas amanheci muito bem, não sentindo nada, acordamos antes de todos, pois queríamos sair mais cedo, já era motivo de honra para nós chegar no próximo acampamento antes das chinesas.
Já no inicio, após uma subida íngreme, chegamos a Runkuraqay ("pilha de ruínas"), não se sabe exatamente qual a funcionalidade daquele lugar, alguns dizem que seria um observatório astronômico inca, outros dizem que servia de “hotel” para os antigos viajantes chegarem a Machu Pichu, o que sei é que este local é impressionante, construído numa montanha falésia, com uma vista panorâmica do Vale de Acobamba e do cume do Pamasillo coberta de neve.
Final do terceiro dia, chegamos ao acampamento, já era 30/12/08, ultima noite acampados e nossa janta foi pra lá de especial, com direto a pizza, bolo, lentilha, o pessoal da equipe realmente deu um show a parte, e lá finalmente depois de 3 dias tomei uma ducha quente, a melhor ducha quente da minha vida, uma sensação tão boa quanto um Ménege a Trois. Aposto que todos os outros 500 mochileiros que fizeram à trilha comigo também pensaram o mesmo.
Ultimo dia de trilha, acordamos às 4 da manhã, nos despedimos da nossa equipe e seguimos por mais 2 horas até chegar ao Portal do Sol. A escadaria que antecede o Portal do Sol é tão íngreme que precisa ser praticamente escalada, subimos elas engatinhando, ajoelhados, obrigados a reverenciar a cidadela de Machu Piccho num ultimo sacrifício antes da redenção. Ao chegar no Portal me passou pela cabeça, como um filme, tudo o que passamos e percebi que o Caminho é um pequeno reflexo de como é nossa vida, existem momentos fáceis e difíceis, algumas horas queremos sorrir em outras chorar, algumas vezes no sentimos fracos, incapazes, achamos que não conseguiremos seguir em frente, mas seguimos, passando por todas as dificuldades, com nosso fardo nas costas e chegando ao fim, vemos que todo o esforço que fizemos valeu a pena e que o final é o mesmo para todos.
E quanto a Machu Piccho?
Bom, façam o Caminho Inca e depois me contem vocês mesmos...
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
The Second Day – Part 2
A estrada era longa...
No caminho para Nazca passamos por vilas, desertos, desertos, desertos, plantações... em uma das vilas que passamos vimos o transporte acima, um taxi moderníssimo! =o)
As vezes parecia que tudo era só areia, uma paisagem só, dava até sono...
Mas de repente, do nada, víamos plantações verdinhas, verdinhas...
Jesus, nosso guia, nos contou que era uma parceria que trazia a tecnologia de plantio em desertos de Israel, pura tecnologia e irrigação.
Este papo me levou a entender outra coisa: o quanto a água é realmente fundamental. Onde não há agua não há vida! Olhando o deserto e a diferença que a água faz me lembrei de uma mulher samaritana ansiosa em nunca mais sentir sede, e da frase: "Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva", o significado ficou claro pra mim: sem água somos apenas terra seca...
Um percurso agradável de viagem... com sonecas e bons papos...
Boa companhia, não tem preço.
Na foto acima: Linéia, Wesley, Francisco, Régis e Jesus (Faltou nosso motorista... mas alguém tinha que tirar a foto, né?)
Descendo a montanha...
Olha só este ônibus! acredita nisto? Pensei que só existia nos filmes!
E em frente a maior duna do mundo!!!! (informaçoes do nosso turista apaixonado por sua terra).
=o)
Finalmente chegamos ao aeroporto do município de Vista Alegre, Nazca: Maria Reiche.
Vimos algumas coisas curiosas... olha só a placa abaixo:
E lá, os pilotos são muito treinados, com cursos extremamente avançados, muuuitas horas de vôo... They are the best in the world.
Compramos o ticket por 20 soles e ficamos aguardando o horário do nosso vôo.
Na TV, vídeos explicativos sobre as prováveis formas como foram criadas as linhas de Nazca. Linhas estas tao estudas pela alemã que deu nome ao aeroporto: Maria Reiche.
Finalmente nosso vôo foi anunciado... e fomos recepcionados pelo nosso capitão: Roger
Tínhamos fé de que ele havia feito outros vôos antes... rsrsrs... e que o simulador fosse apenas para relembrar as técnicas! rsrsrs
Nunca imaginei que sentiria tanto medo de voar num avião destes... admito, o frio na barriga é bem maior que nos vôos comerciais.
Graças a Deus nossas preces foram ouvidas: nosso capitão sabia o que estava fazendo: a decolagem foi tranqüila.
sábado, 15 de agosto de 2009
The Second Day – Part 1
Um ponto importante é que fechamos todos os nossos pacotes antecipadamente com agencias locais, tanto no Perú quanto na Bolívia. E como só temos elogios a fazer podemos tecer bons comentários e indicá-los sem culpa. =o) No Peru usamos o serviço da: Destinos Mundiales, onde a Srta Ruth Zapata nos auxiliou muitíssimo a fechar o melhor pacote dentro de nosso orçamento. Certamente se tivéssemos fechado o mesmo pacote com alguma agencia aqui o valor total dos passeios que fizemos (com a qualidade que tivemos) teria sido muuuito maior...
Destinos Mundiales (Grupo Nuevo Mundo)
Juan Fanning, 571, Miraflores, Lima
www.destinosmundialesperu.com
Lima, Perú. 26 de diciembre de 2008. 4:00
Saímos tão cedo que no hotel nem café da manhã tinham... Mas nada que não se resolvesse com uma voltinha na noite anterior aos supermercados da região. Nosso destino? Paracas e depois Nazca.
As 4 em ponto nosso translado já estava a porta do Carmel. Embarcamos e iniciamos nossa viagem. Iríamos longe em um único dia, nossa primeira parada seria em Paracas, onde visitaríamos as Islãs Ballestas.
No caminho o que vimos foi um imenso deserto, que deixava de ser desabitado graças a construção de uma imensa estação de gaz, é a surpresa de ver que o povo se instala lá, apesar de ser uma terra morta.
Passamos por pequenas cidades, e grandes desertos. Era de uma lógica simples: terra fértil = cidade ou pequeno vilarejo, então ficava deserto, cidade, deserto, cidade...
Nesta viagem conhecemos um pouco dos povos que migraram para o Peru, como os japoneses que conseguiram criar frangos no deserto a beira mar. Até hoje os grandes proprietários das granjas são japoneses, que venceram em meio a adversidade.
Chegamos a Paracas, cidade que foi muito abalada com o tremor que ocorreu em agosto de 2007, nosso guia estava na região no dia que ocorreu o terremoto e nos contou o medo que passou com seus protegidos (turistas). A cidade ainda está em reconstrução, com muitos muros ainda completamente danificados.
Ao chegar tomamos um café (alguns já iniciaram o vício com o chá de coca) e depois fomos direto a um pequeno porto de barcos de pesca, de onde sairíamos para um passeio até as Islãs Ballestas, que até então eu não fazia idéia do que realmente veríamos lá.
Nosso guia era um peruano muito prestativo e com um nome peculiar: Jesus. Como brincamos com a combinação do nome. Imagine: Jesus o nosso guia! =o) Jesus se mostrou um grande conhecedor do local, nossa agencia não podia ter escolhido um guia melhor para este passeio... Muchas Gracias Amigo!
Jesus nos explicando a respeito destas algas e suas utilizações para a população local.
Finalmente chegou a hora de embarcarmos, e nesta parte do passeio iríamos com outro grupo de turistas e outro guia... não tínhamos idéia da diversidade natural que veríamos a seguir.
Adivinhe o nome do nosso guia neste passeio?
Belas paisagens...
... e desenhos inexplicáveis... e olha que nosso guia tentou explicar!
De acordo nosso guia há diversos contos sobre a origem desta figura, de Ovni´s a desenhos para auxiliar a direcionar navegantes perdidos... mas entre todas elas ele acha mais “lógica” a que nativos a muitos anos atrás fizeram este desenho na rocha em homenagem aos cactos, uma planta sagrada para eles.
Este desenho foi feito direto na rocha, e segundo ele a uma profundidade de quase
Impressionante!
Mas o nosso objetivo ainda estava a frente...
Islãs Ballestas a vista!
O mais incrível deste passeio foi todos escaparem sem um “presentinho” na cabeça!
E voltamos a terra firme felizes e contentes com este espetáculo da natureza que ainda resiste apesar de trabalharmos tanto para destruí-la.